Quem leu o que aqui escrevi sobre o licor de poejos, percebeu por certo o modo como quase venero esta menta extraordinária, que há muito me seduziu com os seus aromas mágicos, frutados e pungentes, que tanto é generosa nas suas propriedades medicinais, como se presta a fabulosos licores, como ainda parece feita de propósito para aromatizar pratos e sopas de peixe, é indispensável para a confecção do chá de menta magrebino e faz diversas sopas e açordas, umas de bacalhau, outras de toucinho, outras com ovos, todas a chamarem-se “poejadas” por esse Alentejo fora.
A poejada que hoje aqui vos deixo é a menos conhecida e mais singela, sopa pobre entre as sopas pobres, mas que tem esse encanto especial dos sabores simples, telúricos, das coisas únicas e ancestrais, que se comem com o recolhimento próprio dessas experiências que nos tolhem e assombram, as vastidões poderosas das planícies quietas ou do mar revolto: a açorda de poejos com ovos.
Ingredientes:
Poejos frescos
Alhos
Sal e pimenta
Azeite
Pão alentejano, duro
Ovos
Preparação (2-3 pessoas):
Esmague no almofariz, um ramo grande de poejos
com sal grosso e dois ou três dentes de alho.
Se quiser a versão mais despachada, ponha tudo no copo liquefactor com um pouco de água e moa.
Vaze estes ingredientes moídos
numa panela onde estão cerca de dois litros de água fervente, prove e rectifique sal, e deixe ferver durante dois ou três minutos.
Escalfe à parte dois ovos por pessoa neste caldo, devendo a clara ficar bem cozida e a gema ainda cremosa.
Corte o pão para uma tigela grande ou terrina, regue com azeite,
ponha-lhe os ovos em cima e regue tudo com o caldo a ferver.
Sirva esta delícia, bem quente.