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Polvo no Forno em Vinho Morangueiro (100ª Trilogia)

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               Quando, há já quase dois anos, foi a 10 de Novembro de 2010, eu, a Ana e o Amândio, três pessoas que não se conheciam a não ser destas lides dos blogs, nos propusemos esta brincadeira virtual de fazermos coincidir o tema das nossas publicações a cada Quarta-feira, estávamos longe de imaginar que isso nos iria levar, cem semanas depois, a esta que é, naturalmente, de festa!
Assim, depois de termos publicado 297 posts sujeitos a temas tão díspares como O Fado, Canela ou Improvável, hoje não teremos tema e sim, jantar, tripartido pelo espaço virtual que une amistosamente duas cozinhas lisboetas, a minha e a Cozinha com a Anna e uma portuense: teremos uma entrada feita pela Ana, um prato principal feito por mim e uma sobremesa que vem do Norte mais a escolha dos vinhos, ou não fosse o blog do Amândio, Garficopo, o nosso especialista nas andanças vínicas.
Vamos então continuar a jantar, agora que os "cogumelosfritos ao alho" da Ana já aplacaram a fome e despertaram apetites gulosos para o prato que hoje aqui deixo, Polvo Assado em Vinho Morangueiro, prato que provei pela primeira vez há muitos anos, em Ponta Delgada e que foi uma inesquecível e feliz excepção na relação algo triste que, com grande pena minha e sem culpa alguma da cozinha açoriana, eu tenho com a generalidade da sua restauração.
Claro que estou apenas a recriar a receita tradicional, já que sem polvo dos Açores nem o vinho de cheiro, o “americano” de casta Isabela, cuja comercialização é proibida, e essa malagueta especial insular a que chamam pimenta da terra, não o poderia alcançar.
Usei nesta réplica adaptada, o belíssimo polvo galego das Rias Bajas, as malaguetas da minha própria produção (será a “pimenta de Lisboa”) 
e o vinho morangueiro, dito “do lavrador” para enganar a proibição de venda deste irmão do vinho de cheiro dos Açores, vindo da região de Cantanhede, um vinho fortemente perfumado e fraco de álcool, desprezado pela enofilia, que o encara como uma espécie de água-pé mas que eu adoro e compro ( e bebo!) sempre que posso, já que me oriento pela minha boca e paladar e não pela boca ou paladar de outrem.
Fiz assim:

Ingredientes (2 pessoas):

1,5-2kg  de polvo congelado (do qual se usará metade)
2 copos de vinho morangueiro (na falta, vinho tinto)
Sal
Pimenta
Alhos
Pimentão doce
Malaguetas frescas
Louro
Óleo ou azeite
Cebola
Tomates maduros ou polpa
Batatinhas para assar

Preparação:

Deixe o polvo descongelar e bata cada perna com o auxílio do martelo de bifes. Esta operação é muitas vezes citada como desnecessária devido à congelação ter também um efeito parecido sobre as fibras musculares deste cefalópode, mas neste caso preferi jogar pelo seguro e não me arrependi.
Separe as pernas individualmente e coloque-as numa tigela, juntamente com sal, pimenta, alhos, pimentão doce, malaguetas frescas, louro e coberto pelo vinho morangueiro. 
Deixe marinar por 24 horas.
Refogue em óleo ou azeite a cebola picada e o tomate desfeito ou, na falta de tomate maduro de época, calda de tomate. 
Escorra o polvo da marinada e introduza-o neste refogado, juntamente com os alhos e as malaguetas, 
tape e deixe o polvo fervinhar durante uns dez minutos, após o que junta então o vinho em que marinou e deixa cozer por mais meia hora. Nos últimos dez minutos ao lume, dê uma entaladela a batatinhas de assar.
Passe então as batatas para uma assadeira, o polvo por cima, regue com o molho 
e leve ao forno a 180ºC durante cerca de 20minutos ou até que se apresentem tostados, polvo e batatinhas e o molho reduzido e apurado.
Ficou tenríssimo e saboroso e não me arrependi de tê-lo feito no forno, já que tinha hesitado entre duas preparações insulares do polvo, aliás bastante parecidas, o polvo no forno e o polvo guisado, que é basicamente este mas que não vai ao forno e apura no tacho. Para mim, que não sou muito apreciador das abundâncias gelatinosas do polvo, a confecção no forno revelou-se superior, pois seca esta camada gelatinosa, mantendo-lhe o sabor, que é quase todo o sabor de um polvo.
Agora já bem aconchegados de comidas e regados com o néctar de que o Amândio vos falará a seguir, só falta mesmo essa sobremesa a chegar doPorto, para que esta Trilogia nº100 fique perfeita.
E para a semana há mais! 
     

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